Quando realizamos o projeto em São Paulo, nosso amigo Henrique Kefalas articulou seus contatos em Caravelas, Bahia, para promover ações do projeto Robin Hood. Nosso coordenador local foi um jovem de 20 anos, o prestativo Hugo Damasceno, aluno do terceiro ano do ensino médio. Hugo, mineiro por nascimento, tentou articular as diferentes instituições presentes na cidades para receber o projeto, porém encontrou muita resistência e discriminação.
Poucos foram que aqueles que acreditaram ajudaram este jovem empreendedor socioambiental, dentre estes podemos citar nossa hospedeira, a Fernanda Abreu Marcacci que abriu sua maravilhosa casa para nós, sem esquecer da Daniella Kangussu que compartilhou seus cafés da manhã conosco.
Uma figura especial e grande parceiro do projeto em Caravelas, foi uma das maiores e mais engraçadas coincidências de nossas viagens. Ao chegarmos na cidade as pessoas comprimentavam nosso carro como se já nos conhecessem, primeiramente pensamos que se tratava da cordial hospitalidade baiana, porém achamos estranho que mandavam através de nós recados para pessoas que não conhecíamos. "Avisa o fulaninho que ele tem que passar la em casa hoje". Algo estava errado. Depois ainda fomos chamados de primo. Enfim, a coisa se explicou quando encontramos um verdadeiro "Eu do Futuro" do Lucas Sielski (quem lembra do De Volta para o Futuro), um verdadeiro irmão gêmeo, um pouco mais velho que o Lucas, mas com o mesmo jeitão. Mesmo estilo de cabelo comprido com barba profética, e pra completar a coincidência, ele também tinha um irmão gêmeo do lixo móvel, um fiesta vermelho no qual ambos levam suas casas.
Coincidências a parte, o fato foi que o sósia, Rodrigo Joffily Bucar Nunes, se tornou nosso principal apoiador no fronte do projeto. Ajudou nos a organizar diversas atividades nas escolas, filmando, e fez a iluminação num dos cenários mais paradisíacos onde fizemos apresentação:
O nobre amigo Rodrigo reside em Brasília e demonstrou vontade de promover o projeto Robin Hood por lá dentro de um dos primeiros condomínios sustentáveis do Brasil. Aguardemos o tempo...
Fizemos a apresentação da peça "do Início ao Fim do Mundo" no Hotel Marina Porto Abrolhos num cenário único, com um jogo de luzes que criou um ambiente realmente mágico, luzes artificiais e naturais vindo de um dos céus mais estrelados que já vimos na vida. Estavam presentes os coordenadores da Internation Conservation, Instituto Baleia Jubarte, alguns funcionários da prefeitura e nossos queridos amigos de Caravelas.
Mas nem tudo é mágico na vida, nossa primeira ação nas escolas foi marcada por um grande descaso. A diretora da escola previamente agendada disse que teríamos apenas o horário do recreio para apresentar e que não poderíamos exceder o tempo pois os alunos tinham revisão para a prova. Sendo assim não quisemos interferir na dinâmica da escola, fomos embora. Uma constatação de que realmente nosso sistema educacional vive em função de aplicar provas e avaliações, ao invés, de proporcionar outras experiências significantes para a vida dos alunos. Sem nem darmos muito tempo as reclamações, fomos direto a uma outra escola próxima. Correndo arrumamos todo o cenário e convidamos todas as crianças que vimos na rua para a peça que chegou totalmente de maneira inesperada. Os alunos vibraram com a surpresa!
Percebemos o quão resilente (capacidade de resistir) é nosso projeto, conseguimos rapidamente nos adaptar a situação sem comprometer nossas metas numéricas.
Fizemos diversas outras apresentações da peça "do Início ao fim do Mundo" que totalizam 300 espectadores.
Também acabamos adaptando nossa palestra "Uma Brincadeira Grandiosa" num jantar que reunimos nossos amigos e interessados, mostrando para eles nossas experiências pelo Brasil e pelo mundo. Depois no bate papo descontraído ficamos sabendo um pouco mais sobre esta maravilhosa cidade e o que acontece e já aconteceu por lá.
Fundada em 1581, Caravelas hoje é o porto de embarque para aqueles que desejam visitar o Arquipélogo de Abrólios. Esta área de biodiversidade marinha possui excelente área para mergulho autônomo e livre, pois as formações de corais abrigam grande diversidade de fauna marinha. Nas ilhas, a atração fica por conta das aves nidificando nas formações rochosas.
Voltei com um presente da Bahia que não me fez esquecer tão cedo de lá. Um bicho de pé. A princípio não tinha detectado, apenas parecia uma farpa presa em meu dedão, deixei que o corpo desse conta dela, mas o "treco" foi crescendo. Quando mostrei pra minha segunda mãe, a Nilda, ela de cara disse "isso é bicho de pé, já vi muito disso, vamos ter que furar este pé". Como uma boa baiana, nascida no interior, a querida Nilda fez "a cirurgia" que demorou por volta de 30 minutos resultando num buraco no meu dedo que cabia um feijão.
Pra encerrar este relato, fechamos com uma amostra da criatividade baiana, em dois exemplos, um de uma pequena creche da região e por último as placas personalizadas que encontramos pelo caminho que expressam toda a informalidade baiana.
Fotos: Hugo Damasceno
Relato: Jay van Amstel